segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Por que escrever sobre assunto tão violento?

Nãp fomos nós, militares, que escolhemos a luta. Impedimos uma revolução comunista e tivemos que segurar os bandidos que hoje se dizem patriotas: queriam transformar o Brasil numa Cuba continental, como eles mesmos reconhecem. Partiram para a luta, matando inocentes e tiveram o devido troco. Graças a Deus, foram impedidos do tenebroso intento.

MINHA RELUTÂNCIA
“Vocês sabem que existem os que, combatendo ou só participando no passado de
nossas atividades de garantia da lei e da ordem, pela omissão, por acomodação ou covardia, ou
até por adesão a postulados socialistas oportunos, hoje criticam ações que nunca tiveram
coragem de criticar, olhando nos olhos ou participando suas críticas, formalmente. Alguns até
posaram e posam de heróis, muitos escrevendo ou dando depoimentos sem brilho a título de
"escrever a História" da Revolução de 1964” – Coronel José Luiz Sávio Costa
Relutei bastante em tornar público este texto.
A insistência dos amigos para que eu mesmo escrevesse sobre minhas experiências, desde que inseri um relato sumário sobre o assunto, principalmente para corrigir os fatos vergonhosamente deturpados e d
imprensa mentirosa, comprada e descaradamente revanchista (eles não queriam me dizer: “Escreve, A
guerra, enquanto está vivo...”).
Mantive silêncio durante todos esses anos, mesmo no meio militar, principalmente por ser assunto clas
secreto pelo Exército. No entanto, aqueles que tinham a obrigação de oficialmente rebater os ataques
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fizeram. Acovardaram-se. Esqueceram o principal, que a disciplina e a hierarquia não têm apenas um
impelido naturalmente a entrar nesta “nova” luta, que eu tinha deixado já ganha, há muito, “na esfera d
atribuições”.
Antes de cursar o IME (Instituto Militar de Engenharia), eu já era pára-quedista, tendo realizado todos o
o curso pioneiro de Forças Especiais, onde fui aluno-instrutor. O IME foi para mim, além de um acalen
sonho de adolescente, um “carro de fogo”, uma prova inesquecível; foram quatro anos de estudos com
elevadíssimo nível intelectual, a maioria com mestrado e doutorado no exterior, principalmente no MIT
Institute of Technologie) e na França.
Nos cursos da Escola de Pára-quedistas, fui iniciado no salto-livre, necessário para o
cumprimento de operações especiais, estratégicas. Minha especialidade e preferência, porém,
era guerra na selva. Permaneci cerca de seis anos na Divisão de Pára-quedistas, saindo para
o IME, onde passei quatro anos. Em seguida, fui servir em Mato Grosso, tendo como missão
reestruturar a extensa rede-rádio da 9ª Região Militar, inclusive a de fronteira, permanecendo
cerca de três anos em atividades, desde os postos de São Simão, Casalvasco, Fortuna e Porto
Esperidião (próximos às nascentes do Guaporé), Ilha da República, Bela Vista do Norte, até
Mundo Novo, em frente a Guaíra, Paraná. Meu ambiente era, portanto, de muita selva,
pantanal exuberante, rios Paraguai e Paraná, grandes atividades cinegéticas nas horas livres e
enquanto aguardava providências previstas no PERT do projeto. Assim é a atividade do militar.
Quantos engenheiros civis aceitariam tal missão nas condições oferecidas a um Capitão?
Em seguida, realizada a missão em Mato Grosso, em 1968 cheguei a Brasília, para o
GabMinEx/CIE/ADF.
Em novembro de 1969, Marighela foi morto em São Paulo, deixando as referências de uma
“grande área” de preparação da guerrilha rural. Onde seria esta grande área?
Minhas atividades eram na Seção de Planejamento (Mudança do Ministério para Brasília),
estabelecimento das comunicações (microondas e Rede do Alto Comando, ligando Rio de
Janeiro, Brasília e os Comandos das Regiões Militares) e participando, com o Coronel Torres,
da organização da Seção de Operações, para enfrentar a guerrilha rural.
Cumprindo o planejado, saímos em busca dos discípulos de Marighela, mas demos de cara
com os discípulos de um tal de “Barba Roja” Piñeros Losada, chefe da ala para a América
Latina do serviço secreto de Cuba, companheiros de “Daniel”, do famoso e desafortunado
MOLIPO, ou Grupo Primavera, Grupo da Ilha, de 28 terroristas que estavam sendo preparados
em Cuba. Era o desencadeamento do plano de irradiação do comunismo na América Latina,
financiado e orquestrado adivinhem por quem?
Começava a luta na área rural. E para ela já estávamos bem preparados há muito tempo.
O destemido “companheiro de armas” de Dilma Roussef, vulgo “Estela”, no POLOP, ou “Luiza”,
no COLINA, ou “Patrícia”, na VPR, ou “Wanda”, na VAR-P, nome verdadeiro José Dirceu, e de
fachada “Daniel”, ex-ALN /MOLIPO, agora no PT, era um deles, embora naquele tempo tivesse
horror de armas. Para nossa sorte, essa era a espécie de “guerreiros” que pretendiam tomar o
poder no Brasil pelas armas.
Somente tropa especializada saberá tirar proveito das revelações por mim aqui feitas.
“A disciplina militar prestante, não se aprende senhor na fantasia, sonhando, imaginando ou estudando
tratando e pelejando” .
O assunto que relato é forte, fatos reais, tendo em vista principalmente os nossos padrões e costumes
explicar, jamais; apenas me limito aos fatos.
Os aspectos táticos e estratégicos de combate na selva, sendo revelados os procedimentos adotados
são assimiláveis apenas na prática por unidades de forças especiais; são praticamente inatingíveis po
profissional, o que, justamente, faz a diferença entre elas.
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No Araguaia, mais uma vez ficou evidente que a guerra de resistência não tem regras fixas e seus prin
dogmas invariáveis e, portanto, em conseqüência, o mesmo vale para o seu combate.
As implicações psicológicas e éticas de tais fatos são aspectos difíceis de aceitar, analisar, encarar, ao
compreender ou mesmo justificar; estão, por isso, acima dos objetivos deste simples trabalho.
Só presenciei um caso de desequilíbrio psicológico na mata, em combate. Tomei conhecimento, porém
episódios semelhantes, esporádicos. Apenas quero lembrar que eles, os guerrilheiros, não estavam lá
pensem bem nisso.
Reconheço que a simples leitura deste meu pequeno texto não será de fácil compreensão para quem
no assunto “Guerrilha do Araguaia”. Outras leituras terão que ser feitas por quem se interessa pelo ass
muitos outros livros, com novos fatos e testemunhos, haverão de surgir, uma vez que poucos participa
suas colaborações.
Ser Soldado pode englobar todas as qualidades morais e intelectuais, desde o conhecimento dos regu
disciplina, do treinamento normal intramuros do Quartel, enfim, a dinâmica da vida normal na caserna,
sua disciplina hierárquica fundamental e inquebrantável, base da profissão das armas.
Combatente, é aquele que tem treinamento apropriado de combate. Será guerreiro se tiver vocação e
precípua e intensamente para combater, mesmo que a hipótese de combate real seja longínqua; se tiv
de enfrentar o inimigo e derrotá-lo, estará plenamente realizado profissionalmente.
Tudo começa, obrigatoriamente, como “troupier”, o militar de tropa, nas inúmeras atividades, algumas
burocráticas, mas passageiras, e a instrução diária no Quartel. Nossa atividade é silenciosa, porém árd
Na tropa, o militar revela exatamente o que será para o resto do seu tempo na caserna, até, e principa
ao generalato. É só analisar a vida dos grandes líderes. As que tive oportunidade de analisar de perto,
ou em unidades próximas: Marechal Rondon (Patrono da Arma de Comunicações), General Penha Bra
de Aragão, General Orlando Geisel, General Médici, General Arnaldo Bastos de Carvalho Braga, Coro
Torres, Coronel Jarbas Gonçalves Passarinho e, finalmente, todos os meus oito colegas de Turma da
ligados à luta, de fato todos de conduta irrepreensível e excelentes guerreiros.
Mesmo o leitor militar terá que “recalibrar” vários conceitos face ao que aqui será revelado, reconfigura
encarar o combate desde a sua preparação. Embora eu tenha me esforçado para evitar empregar term
impossível evitá-los todos.
Minha equipe tinha um efetivo considerado grande, nunca maior, porém, de 18 elementos, mas na ma
comigo no patrulhamento eram dez apenas que, por tradição, era denominado GC (Grupo de Combate
Tudo recaía nas maiores interrogações: como poderia ser mantida na selva uma grande equipe, sem s
continuado? Para que “inventar” novos armamentos e instrumentos? Na parte de planejamento, enqua
Operação Sucuri, todas, ou quase todas, as minhas sugestões foram aprovadas, principalmente as ref
junto às fábricas do Exército, como a de Itajubá, onde eu tinha vários colegas de turma da Aman em p
não precisava seguir os famosos trâmites legais, bastando oficializar o pedido de apoio para o projeto.
silencioso para a carabina Itajubá 22, a quem atribuo uma larga margem de responsabilidade pelos êx
Nas Diretorias envolvidas diretamente na luta, como, por exemplo, a de Comunicações (DCom), embo
podido evitar algumas incompreensões, a cooperação consciente foi alcançada, com o reconheciment
equipamento do sistema-rádio Racal (inglês), destinado aos pára-quedistas, devido à burocracia da DC
mandar buscar diretamente da fábrica, em Londres, sem passar pelos controles burocráticos (termos d
exame de material, termos de distribuição e inclusão em carga, etc.).
O problema da grande quantidade de baterias necessárias para a manutenção da escuta permanente
problema digno de nota. Tudo deu certo, no entanto. É necessário analisar o problema para compreen
vou fazer aqui.
As ações na selva começaram como operações de informações, simples buscas de informes. Ninguém
terroristas estariam dispostos a tudo, ninguém poderia imaginar a que ponto o fanatismo poderia levá-
Na realidade, em Brasília, antes de 1970, não era sentido o verdadeiro clima de guerra do combate ao
grandes cidades. Brasília, na época, era uma ilha de tranqüilidade.
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Nas primeiras missões na mata, não pude evitar a fuga dos “paulistas” que encontramos por lá. Iria eu
desconhecidos só por estarem supostamente na mata treinando guerrilha? E se fossem simples morad
diante das afirmações de Pedro Albuquerque, fugitivo da área, que ali estavam seus companheiros de
De sã consciência, jamais seria uma boa escolha de procedimento e jamais passou pela minha cabeça
Mas, ao ressurgirem em outro local da mata, eu tinha a obrigação moral de ir até eles, claro. E, assim,
sucedendo num crescente surpreendente e, para mim, inexorável, uma vez que mexi numa verdadeira
maribondos, vespeiro vermelho preparado por conhecidas “putas-velhas” do comunismo internacional.
deixar de continuar naquela

Prefácio

JURAMENTO MILITAR
Incorporando-me ao Exército do Brasil, prometo cumprir rigorosamente as ordens das
autoridades a que estiver subordinado, respeitar os superiores hierárquicos, tratar com
afeição os irmãos de armas, com bondade os subordinados e dedicar-me inteiramente
ao serviço da pátria, cuja honra, integridade e instituições defenderei com o sacrifício da
própria vida.
PREFÁCIO - Jarbas Gonçalves Passarinho*
Conheço o Tenente Coronel Licio desde que ingressou na Academia Militar das Agulhas
Negras em março de 1950. No ano seguinte, recebi os cadetes da nova Turma do Curso de
Artilharia, dentre eles o Cadete Licio, com quem convivi, ele como aluno e eu como instrutor,
até a declaração de Aspirante a Oficial em Novembro de 1952, Turma Barão do Rio Branco.
Cadete sério, sociável, de conduta exemplar, compenetrado, bom aluno, de elevado espírito
militar, cumpridor de suas atribuições e muito disciplinado, ao final do Curso assinou o Livro de
Honra "Estímulo ao Exemplo" da Academia ao ser declarado Aspirante a Oficial. Fui
reencontrá-lo muitos anos depois em Brasília, após deflagrada a Contra-Revolução de 31 de
março de 1964.
Em 1972, tive a grata notícia que ele fora agraciado com a Medalha do Pacificador com Palma,
como uma homenagem especial do Exército, por haver se distinguido no cumprimento do
dever, por atos pessoais de abnegação, coragem e bravura, pelo General Orlando Geisel,
Ministro do Exército.
O Presidente João Figueiredo comentou um incidente no Araguaia em que um major do
Exército, que tentava socorrer uma guerrilheira, foi atingido traiçoeiramente por ela no rosto.
Não sabia, porém, de quem se tratava. Detalhes desse incidente me foram sendo revelados
aos poucos e fiz referências a ele em diversas entrevistas e palestras que concedi a jornais,
revistas e, em seguida, à televisão, sem saber o nome do protagonista.
Um jornalista que escreveu uma série de livros sobre a época dos governos militares, referindose
ao caso, revelou o nome do major. Era o meu Cadete Licio.
Em 2004, li um relatório que ele inseriu na Internet destinado aos seus companheiros de Turma
da AMAN, sobre o incidente. Agora, após mais de 34 anos do ocorrido, ele mesmo descreve
em detalhe o impressionante combate com os guerrilheiros do grupamento A, quando foi
atingido por um tiro no rosto, em plena selva. Ao não obedecer à voz de prisão, a guerrilheira
"Sônia" poderia ter sido morta imediatamente, mas foi poupada. Mesmo quando atirou, o Major
Licio o fez baixo, acertando-lhe uma das pernas, derrubando-a. Em seguida, os demais
elementos da equipe anularam a ação da guerrilheira e rechaçaram os seus companheiros,
passando a prestar socorro ao comandante ferido, transportando-o numa rede durante uma
noite inteira pela mata até o ponto combinado, via rádio, onde estaria esperando uma
ambulância, o primeiro socorro médico.
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O próprio título do livro sugere ser o assunto violento. É o testemunho de um guerreiro,
descrições sem rebuscada escrita, simples e com grande poder de síntese, detalhes de
combates confirmados por livros e relatórios já editados, inclusive aqueles escritos pelos
próprios comunistas.
As declarações dos poucos militares que se dispõem a falar sobre o assunto são sempre
desvirtuadas, distorcidas, quando não abafadas, maldosamente pela mídia, numa
demonstração plena de puro revanchismo, fanático e imbecil.
Os militares sabem muito bem das motivações espúrias por trás dessas ações atuais dos
comunistas. Além de servir para desviar o foco das atenções sobre as falcatruas dos
governistas, que ressurgiu com a aceitação da denúncia pelo Superior Tribunal de Justiça, visa
abrir caminho para a revisão unilateral da Lei de Anistia, para garantir o êxito da revanche
sórdida.
Assim, estamos vendo que, passados mais de 20 anos, não consolidaram a reconciliação da
família brasileira, objetivo sincero da Lei da Anistia, que acabou sendo unilateral. Em tudo é
assimétrica, a ponto de, para os vencedores, só caberem os efeitos perversos do revanchismo.
Estranho revanchismo, aliás, porque os comunistas e esquerdistas em geral são senhores de
um poder que não conquistaram, como queriam, pelas armas. O paradoxo está em que os
vencedores da mais recente tentativa comunista de conquistar o Brasil pagam hoje o absurdo
preço por terem impedido que o Brasil se transformasse numa imensa Cuba, terra sem
liberdade.
Dizem, maliciosamente, que é mero pretexto a alegada ameaça comunista. Não o diz Carlos
Prestes, nos livros que ditou, em que ressalta sua aliança com Jango, de quem diz que "já
compreendia o papel da União Soviética" na Guerra Fria, que dividia o mundo entre
democratas e comunistas. Confirmam-no as guerrilhas, todas de facções comunistas. Fidel, o
ditador mais velho do mundo, foi cabeça de ponte da revolução comunista na América do Sul.
Em Cuba e na China de Mao Tse Tung, os brasileiros comunistas foram treinados para a
guerrilha, ainda no governo Jango.
O culto dos vencidos é o mais amplo possível, na esfera mesma da luta armada que
desencadearam. Oficiais brilhantes, que eram adidos militares na Inglaterra e no Uruguai,
prováveis generais em breve, tiveram sua carreira encerrada sob acusações falaciosas,
enquanto um desertor e assassino recebe o prêmio inédito de promoção de capitão guerrilheiro
da Vanguarda Popular Revolucionária, a coronel post mortem, com vencimentos de general
devidos à viúva que receberá ainda mais uma fortuna de indenização, "por perseguição
política". Ora, essa família foi mandada pelo desertor para Cuba e lá hospedada enquanto o
capitão Lamarca matava inocentes e indefesos brasileiros civis. É a isso que os atuais donos
do poder e seus asseclas chamam de democracia.
Aos "democratas" que me dizem defensor da tortura, sórdida mentira, pergunto: durante seu
adestramento visitaram os presos que apodreciam de torturas nos cárceres de Cuba, na
tristemente famosa cadeia de La Cabaña? Batem palmas ao assassínio recente dos três
cubanos que tentavam sair do "paraíso comunista" num barco em fuga, para juntarem-se aos
milhões de exilados em Miami, de onde enviam 2 bilhões de dólares por mês para a pobre
Cuba, de partido único, do único jornal e das rádios e TV do ditador? Que democracia é essa,
pela qual morreram e mataram? E os que foram aprender na China de Mao Tse Tung não
sabiam das torturas em massa da Revolução Cultural?
Defendendo a democracia dos comunistas armados tivemos de viver o dilema de Loewenstein:
"Se o Estado constitucional, confrontado com a ameaça totalitária, usa fogo contra fogo e nega
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aos agressores totalitários o uso das liberdades democráticas para evitar a destruição total da
liberdade, faltará à garantia das liberdades fundamentais, mas se as mantém, beneficia seus
agressores e põe em risco a sua própria sobrevivência". O notável intelectual marxista Antonio
Cândido, o grande líder Gregório Bezerra, o genial arquiteto Oscar Niemeyer e o piedoso Frei
Betto disseram o mesmo, se necessário à vitória do socialismo.
Respondemos fogo contra fogo, mas a história ensina que o regime autoritário tende a
restaurar a democracia, ao passo que o totalitário tudo fará para manter-se cada vez mais
tirânico.
Em 1978 foram extintas todas as medidas não democráticas, por emenda constitucional, no
Governo do General Ernesto Geisel. O nazismo e o fascismo, a guerra externa os venceu. O
comunismo entrou em colapso depois de 74 anos, e um saldo de milhões de mortos.
Os fariseus hipócritas quiseram pela terceira vez implantar no Brasil a ditadura do proletariado
aprendida em Marx. Odientos, apunhalaram meu irmão mais velho, que os combateu. A lei que
defendi na tribuna impede-me o rancor, mas vestidos de professores de democracia causamme
náuseas e não contenho a exclamação: democratas, uma ova! Aprendizes de ditadores,
sim.
Um petista, ministro do atual governo, respondeu recentemente, ao ser questionado por um
jornalista, que não considera crimes os assassinatos dos militares de órgãos de segurança
pelos companheiros de luta. Portanto, isto já define a linha adotada pelo atual governo, uma
verdadeira aberração explícita.
Desse modo, por essa brilhante interpretação de leis que faria ruborizar o grande Ruy, se vivo,
aquele soldado da polícia militar do RGS, degolado por um integrante do MST foi apenas um
incidente irrelevante.
A invasão do Congresso pelo MLST, com graves agressões e subseqüente quebra-quebra,
não passou apenas de uma brincadeira de pequeno prejuízo. O mensalão não existiu. Não
assassinaram o prefeito Celso Daniel e as principais 8 testemunhas. O dinheiro dos aloprados
não existiu, Dirceu e Genoíno são inocentes, Valdomiro não recebeu aquele calhamaço de
dinheiro. Roberto Jefferson delirou na denúncia que fez no Congresso. O padre que foi
fotografado nu num motel era, na realidade, o Herzog, os nossos mortos, centenas, não
existiram, e assim sucessivamente em milhares de casos vergonhosos.
A mentira é a inspiração máxima de um gramscista, segundo ele mesmo declarou, baseado no
decálogo de Lênin. O assassinato do Soldado Mário Kozel Filho, explodido quando de
sentinela ao QG do II Ex, não é considerado crime. O atentado no Aeroporto dos Guararapes,
no Recife, não teve importância, foi apenas uma brincadeirinha que resultou na morte de um
jornalista, de um almirante e deixando centenas de feridos e mutilados. O Tenente Alberto
Mendes Júnior, trucidado pelo bando do Lamarca, apenas um desatino dos valentes
pobrezinhos perseguidos. O Cabo Odílio Cruz Rosa, quando tomava banho num córrego
afluente do Araguaia, foi morto covardemente pelo Osvaldão e seu bando, do qual pertencera
José Genoíno, coisa de jovens.
O jovem João Pereira, de apenas 17 anos de idade, que acompanhou a primeira equipe a
entrar nas matas do Araguaia apenas durante uma manhã, foi esquartejado na frente da família
pelos componentes do mesmo grupo. Ângelo Arroyo declarou em seu relatório que "foi um
justiçamento para servir de exemplo à população".
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Os dólares na cueca foram "plantados" pela oposição, da mesma forma que aquela montanha
de dinheiro do dossiê foi apenas um devaneio dos "aloprados".
Aí reside, justamente, a causa de tanta violência em que vivemos atualmente, agora sendo
revelada, de maneira cabal e insofismável, a sua origem. A interpretação da lei por quem se
considera Juiz redunda sempre nisso.
Os militares vêm sendo insistentemente agredidos. Primeiro foram denominados de bando,
agora de indivíduos. É o revanchismo no mais alto escalão do governo. Até quando?
A História do Araguaia será escrita por historiadores confiáveis, seguramente de formação e
reputação ilibadas, no tempo correto da historiografia. Não adianta os comunistas quererem
inventar uma versão mentirosa e empurrá-la goela abaixo do brasileiro, que pode ser tudo
menos imbecil.
Jamais poderemos esquecer os atos criminosos cometidos por comunistas assassinos,
assaltantes de bancos, terroristas, como Lamarca, Marighela, Apolônio de Carvalho, Gregório
Bezerra, Prestes e tantos outros. Aceitá-los ou justificá-los, é desrespeitar a lei, subverter a
ordem das coisas, corromper os costumes.
A Ordem de Operações da campanha de contra-guerrilha foi dada para ter início em
07/10/1973. Logo em seguida, no dia 13 do mesmo mês, o grupo militar da guerrilha,
comandado por André Grabois, foi derrotado, após ter realizado um audacioso assalto ao
quartel da PM de São Domingos, à margem da Transamazônica.
No combate com o grupamento A, no dia 24/10/73, eles cantaram vitória: "mataram" um major
e feriram um capitão e só tiveram uma baixa. O restante do grupamento nada sofreu. No
combate do dia 25/12/73, o combate decisivo, quando o comandante da guerrilha, Maurício
Grabois, foi morto, praticamente estava terminada a guerrilha. Bastaram, portanto, dois meses
e alguns dias para neutralizar definitivamente o movimento de guerrilheiros muito bem
escondidos numa vasta área das selvas do Pará, após insistentes mensagens para que
desistissem do tresloucado intento. Não atenderam. Julgavam-se muito bem preparados na
Rússia, na China e em Cuba. Tiveram o fim que escolheram. Por que reclamam?
Querem fazer memória? Têm que revelar os fatos verdadeiros ocorridos. Não adianta distorcêlos,
querer justificá-los e, principalmente, insistir em encobri-los. A verdade já aflorou e os fatos
continuam surgindo.
O Major Licio quando foi para a luta contava com mais de 10 anos de formação militar
especializada em operações de selva, desde quando foi um dos pioneiros do Curso de Forças
Especiais da Divisão de Pára-quedistas do Exército Brasileiro.
Este seu livro, além de se constituir num depoimento forte, objetivo e surpreendente, escrito
por quem participou na linha de frente da luta no Araguaia, merece ser lido com atenção e,
principalmente, muita meditação.
Tomei como prêmio o convite para prefaciá-lo, o que faço com muito orgulho.
Coronel Jarbas Gonçalves Passarinho – ex-Ministro, Senador, Governador.