MINHA RELUTÂNCIA
“Vocês sabem que existem os que, combatendo ou só participando no passado de
nossas atividades de garantia da lei e da ordem, pela omissão, por acomodação ou covardia, ou
até por adesão a postulados socialistas oportunos, hoje criticam ações que nunca tiveram
coragem de criticar, olhando nos olhos ou participando suas críticas, formalmente. Alguns até
posaram e posam de heróis, muitos escrevendo ou dando depoimentos sem brilho a título de
"escrever a História" da Revolução de 1964” – Coronel José Luiz Sávio Costa
Relutei bastante em tornar público este texto.
A insistência dos amigos para que eu mesmo escrevesse sobre minhas experiências, desde que inser
relato sumário sobre o assunto, principalmente para corrigir os fatos vergonhosamente deturpados e d
imprensa mentirosa, comprada e descaradamente revanchista (eles não queriam me dizer: “Escreve, A
guerra, enquanto está vivo...”).
Mantive silêncio durante todos esses anos, mesmo no meio militar, principalmente por ser assunto clas
secreto pelo Exército. No entanto, aqueles que tinham a obrigação de oficialmente rebater os ataques
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fizeram. Acovardaram-se. Esqueceram o principal, que a disciplina e a hierarquia não têm apenas um
impelido naturalmente a entrar nesta “nova” luta, que eu tinha deixado já ganha, há muito, “na esfera d
atribuições”.
Antes de cursar o IME (Instituto Militar de Engenharia), eu já era pára-quedista, tendo realizado todos o
o curso pioneiro de Forças Especiais, onde fui aluno-instrutor. O IME foi para mim, além de um acalen
sonho de adolescente, um “carro de fogo”, uma prova inesquecível; foram quatro anos de estudos com
elevadíssimo nível intelectual, a maioria com mestrado e doutorado no exterior, principalmente no MIT
Institute of Technologie) e na França.
Nos cursos da Escola de Pára-quedistas, fui iniciado no salto-livre, necessário para o
cumprimento de operações especiais, estratégicas. Minha especialidade e preferência, porém,
era guerra na selva. Permaneci cerca de seis anos na Divisão de Pára-quedistas, saindo para
o IME, onde passei quatro anos. Em seguida, fui servir em Mato Grosso, tendo como missão
reestruturar a extensa rede-rádio da 9ª Região Militar, inclusive a de fronteira, permanecendo
cerca de três anos em atividades, desde os postos de São Simão, Casalvasco, Fortuna e Porto
Esperidião (próximos às nascentes do Guaporé), Ilha da República, Bela Vista do Norte, até
Mundo Novo, em frente a Guaíra, Paraná. Meu ambiente era, portanto, de muita selva,
pantanal exuberante, rios Paraguai e Paraná, grandes atividades cinegéticas nas horas livres e
enquanto aguardava providências previstas no PERT do projeto. Assim é a atividade do militar.
Quantos engenheiros civis aceitariam tal missão nas condições oferecidas a um Capitão?
Em seguida, realizada a missão em Mato Grosso, em 1968 cheguei a Brasília, para o
GabMinEx/CIE/ADF.
Em novembro de 1969, Marighela foi morto em São Paulo, deixando as referências de uma
“grande área” de preparação da guerrilha rural. Onde seria esta grande área?
Minhas atividades eram na Seção de Planejamento (Mudança do Ministério para Brasília),
estabelecimento das comunicações (microondas e Rede do Alto Comando, ligando Rio de
Janeiro, Brasília e os Comandos das Regiões Militares) e participando, com o Coronel Torres,
da organização da Seção de Operações, para enfrentar a guerrilha rural.
Cumprindo o planejado, saímos em busca dos discípulos de Marighela, mas demos de cara
com os discípulos de um tal de “Barba Roja” Piñeros Losada, chefe da ala para a América
Latina do serviço secreto de Cuba, companheiros de “Daniel”, do famoso e desafortunado
MOLIPO, ou Grupo Primavera, Grupo da Ilha, de 28 terroristas que estavam sendo preparados
em Cuba. Era o desencadeamento do plano de irradiação do comunismo na América Latina,
financiado e orquestrado adivinhem por quem?
Começava a luta na área rural. E para ela já estávamos bem preparados há muito tempo.
O destemido “companheiro de armas” de Dilma Roussef, vulgo “Estela”, no POLOP, ou “Luiza”,
no COLINA, ou “Patrícia”, na VPR, ou “Wanda”, na VAR-P, nome verdadeiro José Dirceu, e de
fachada “Daniel”, ex-ALN /MOLIPO, agora no PT, era um deles, embora naquele tempo tivesse
horror de armas. Para nossa sorte, essa era a espécie de “guerreiros” que pretendiam tomar o
poder no Brasil pelas armas.
Somente tropa especializada saberá tirar proveito das revelações por mim aqui feitas.
“A disciplina militar prestante, não se aprende senhor na fantasia, sonhando, imaginando ou estudando
tratando e pelejando” .
O assunto que relato é forte, fatos reais, tendo em vista principalmente os nossos padrões e costumes
explicar, jamais; apenas me limito aos fatos.
Os aspectos táticos e estratégicos de combate na selva, sendo revelados os procedimentos adotados
são assimiláveis apenas na prática por unidades de forças especiais; são praticamente inatingíveis po
profissional, o que, justamente, faz a diferença entre elas.
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No Araguaia, mais uma vez ficou evidente que a guerra de resistência não tem regras fixas e seus prin
dogmas invariáveis e, portanto, em conseqüência, o mesmo vale para o seu combate.
As implicações psicológicas e éticas de tais fatos são aspectos difíceis de aceitar, analisar, encarar, ao
compreender ou mesmo justificar; estão, por isso, acima dos objetivos deste simples trabalho.
Só presenciei um caso de desequilíbrio psicológico na mata, em combate. Tomei conhecimento, porém
episódios semelhantes, esporádicos. Apenas quero lembrar que eles, os guerrilheiros, não estavam lá
pensem bem nisso.
Reconheço que a simples leitura deste meu pequeno texto não será de fácil compreensão para quem
no assunto “Guerrilha do Araguaia”. Outras leituras terão que ser feitas por quem se interessa pelo ass
muitos outros livros, com novos fatos e testemunhos, haverão de surgir, uma vez que poucos participa
suas colaborações.
Ser Soldado pode englobar todas as qualidades morais e intelectuais, desde o conhecimento dos regu
disciplina, do treinamento normal intramuros do Quartel, enfim, a dinâmica da vida normal na caserna,
sua disciplina hierárquica fundamental e inquebrantável, base da profissão das armas.
Combatente, é aquele que tem treinamento apropriado de combate. Será guerreiro se tiver vocação e
precípua e intensamente para combater, mesmo que a hipótese de combate real seja longínqua; se tiv
de enfrentar o inimigo e derrotá-lo, estará plenamente realizado profissionalmente.
Tudo começa, obrigatoriamente, como “troupier”, o militar de tropa, nas inúmeras atividades, algumas
burocráticas, mas passageiras, e a instrução diária no Quartel. Nossa atividade é silenciosa, porém árd
Na tropa, o militar revela exatamente o que será para o resto do seu tempo na caserna, até, e principa
ao generalato. É só analisar a vida dos grandes líderes. As que tive oportunidade de analisar de perto,
ou em unidades próximas: Marechal Rondon (Patrono da Arma de Comunicações), General Penha Bra
de Aragão, General Orlando Geisel, General Médici, General Arnaldo Bastos de Carvalho Braga, Coro
Torres, Coronel Jarbas Gonçalves Passarinho e, finalmente, todos os meus oito colegas de Turma da
ligados à luta, de fato todos de conduta irrepreensível e excelentes guerreiros.
Mesmo o leitor militar terá que “recalibrar” vários conceitos face ao que aqui será revelado, reconfigura
encarar o combate desde a sua preparação. Embora eu tenha me esforçado para evitar empregar term
impossível evitá-los todos.
Minha equipe tinha um efetivo considerado grande, nunca maior, porém, de 18 elementos, mas na ma
comigo no patrulhamento eram dez apenas que, por tradição, era denominado GC (Grupo de Combate
Tudo recaía nas maiores interrogações: como poderia ser mantida na selva uma grande equipe, sem s
continuado? Para que “inventar” novos armamentos e instrumentos? Na parte de planejamento, enqua
Operação Sucuri, todas, ou quase todas, as minhas sugestões foram aprovadas, principalmente as ref
junto às fábricas do Exército, como a de Itajubá, onde eu tinha vários colegas de turma da Aman em p
não precisava seguir os famosos trâmites legais, bastando oficializar o pedido de apoio para o projeto.
silencioso para a carabina Itajubá 22, a quem atribuo uma larga margem de responsabilidade pelos êx
Nas Diretorias envolvidas diretamente na luta, como, por exemplo, a de Comunicações (DCom), embo
podido evitar algumas incompreensões, a cooperação consciente foi alcançada, com o reconheciment
equipamento do sistema-rádio Racal (inglês), destinado aos pára-quedistas, devido à burocracia da DC
mandar buscar diretamente da fábrica, em Londres, sem passar pelos controles burocráticos (termos d
exame de material, termos de distribuição e inclusão em carga, etc.).
O problema da grande quantidade de baterias necessárias para a manutenção da escuta permanente
problema digno de nota. Tudo deu certo, no entanto. É necessário analisar o problema para compreen
vou fazer aqui.
As ações na selva começaram como operações de informações, simples buscas de informes. Ninguém
terroristas estariam dispostos a tudo, ninguém poderia imaginar a que ponto o fanatismo poderia levá-
Na realidade, em Brasília, antes de 1970, não era sentido o verdadeiro clima de guerra do combate ao
grandes cidades. Brasília, na época, era uma ilha de tranqüilidade.
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Nas primeiras missões na mata, não pude evitar a fuga dos “paulistas” que encontramos por lá. Iria eu
desconhecidos só por estarem supostamente na mata treinando guerrilha? E se fossem simples morad
diante das afirmações de Pedro Albuquerque, fugitivo da área, que ali estavam seus companheiros de
De sã consciência, jamais seria uma boa escolha de procedimento e jamais passou pela minha cabeça
Mas, ao ressurgirem em outro local da mata, eu tinha a obrigação moral de ir até eles, claro. E, assim,
sucedendo num crescente surpreendente e, para mim, inexorável, uma vez que mexi numa verdadeira
maribondos, vespeiro vermelho preparado por conhecidas “putas-velhas” do comunismo internacional.
deixar de continuar naquela luta.
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Capítulo 1 – PRIMÓRDIOS
“Que outrem possa louvar esforço alheio
Cousa é que costuma e se deseja;
Mas louvar os meus próprios, arreceio
Que louvor tão suspeito mal me esteja;
E, para dizer tudo, temo e creio
Que qualquer longo tempo curto seja;
Mas, pois o mandas, tudo se te deve;
Irei contra o que devo, e serei breve.” - Camões
A Imprensa tem sistematicamente publicado versões fantasiosas e mentirosas de alguns
combates e incidentes da guerrilha do Araguaia. São versões “por ouvir dizer”, escritas
maliciosamente por quem não tem a mínima idéia do que seja um combate, muito menos na
selva. Sem exceção, são todos eles, jornalistas de esquerda, comunistas e inocentes úteis. Os
anticomunistas e realistas desapareceram, silenciaram.
Se os poucos militares combatentes ainda vivos, participantes, se omitirem, ficará valendo a
versão dos derrotados. Deixo aqui o meu convite, verdadeiro apelo, aos reais combatentes
para que deixem o seu depoimento, suas versões dessa fase difícil, dessa verdadeira guerra.
Os primeiros mortos na luta no Araguaia foram quatro militares e um morador que tinha servido
de guia para a primeira patrulha que entrou na selva; só depois começaram as baixas dos
guerrilheiros. Isto é uma demonstração irrefutável de que os militares agiam com comedimento,
com cuidado para não haver enganos nem excessos.
Foram dadas inúmeras e demoradas oportunidades para que eles se entregassem: o local foi
descoberto em 1972 e só foi neutralizado em 1974. Com a descoberta das áreas dos três
grupos, seria muito fácil, por exemplo, empregar a Divisão de Pára-quedistas para neutralizálos
em curto prazo. Mas isto não foi feito; foi adotada uma solução humana, demorada e,
inclusive, mais arriscada para os militares. Muitas outras soluções instantâneas poderiam ter
sido adotadas.
Após terminada a Operação Sucuri, em setembro de 1973, inúmeras vezes foram lançados
panfletos e transmitidas mensagens por megafone por meio de aeronave a baixa altura,
concitando a que se entregassem, com a garantia de julgamento justo, tratamento humano e
imparcial. Não surtiu efeito; eles se decidiram pelo confronto e assim aconteceu.
No início de 1974, ainda convalescendo, cumpri várias dessas missões, embora a pressão
atmosférica na cabeça (face e ouvido), ainda me exigisse um grande esforço. Voávamos em
grandes círculos e exatamente sobre a área dos acampamentos dos guerrilheiros, lançando os
panfletos, numa demonstração clara de que sabíamos exatamente onde eles estavam.
Dizem eles, mesmo assim, inconformados com a derrota, que esta demora de eliminação do
foco, foi por incompetência do EB. A despeito da anistia e de mais de trinta anos já terem se
passado, mantêm o mesmo ódio inicial contra o Exército particularmente e, agora, ainda
buscam indenizações.
Quando os militares chegavam na área, eles se escondiam em refúgios muito bem planejados
e preparados, verdadeiras “tocas de onça”, à beira de um córrego de águas cristalinas, com
muito conforto, ficavam dormindo. Só saiam quando não havia mais perigo e se vingavam da
população que teve contato com os militares. Assim, era realmente muito difícil achá-los
naquele verdadeiro palheiro; a tática deveria ser outra, claro.
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Hoje tentam tornar crível uma série de mentiras, que sugerem aos moradores da área, com
interesses pecuniários, que repetem. Mas contra fatos não há argumentos. O PC do B tem por
emblema a foice e o martelo, além do próprio nome revelador.
Todos os componentes do grupo militar da guerrilha, encabeçados por Zé Carlos (André
Grabois), foram formados em terrorismo nos países comunistas. E, mesmo assim, querem
convencer que lutavam contra a ditadura.
Já estavam em treinamento muito antes de 64, logicamente para tomar o poder, fosse qual
fosse o regime. Em 1952, Marighela estava na Academia Militar de Pequim, aprendendo toda
sorte de maldade para aplicar contra seu próprio povo. Em 1935, já tinham tentado comunizar
o país, assassinando traiçoeiramente inúmeros militares enquanto dormiam e um grande
número de civis contrários ao movimento. No início de 1964, André Grabois, do PC do B, foi
fazer curso de terrorismo em Cuba, juntamente com outros militantes que comporiam o grupo
militar da guerrilha. Era essa democracia de Cuba que gostariam de impor aos brasileiros?
Meu grupo de combate sempre operou com cerca de 10 militares. Suas ações foram sempre
revestidas de muita eficiência. Considerando cerca de uma dúzia de ações, com as
substituições a cada ação, há no mínimo 70 militares participantes em condições de escrever
suas “memórias”, sem incluir os que já tenham falecido. Como eu era o mais velho dentre
todos, considerando 20% de falecimentos, poderá haver cerca de 50 futuros escritores,
“testemunhas oculares da história”... E, tenho absoluta certeza, nenhum se passou para o outro
lado! Nenhum virou bajulador de comuna.
Embora eu tenha passado mais de trinta anos afastado de qualquer alusão ao assunto
guerrilha, as lembranças são inevitáveis. No meu caso, estas lembranças eram muito
espaçadas no tempo. No entanto, o revanchismo fez com que eu me convencesse de que
estava na hora de começar a falar. Diante de tanta mentira, foi impossível ficar calado.
As operações de reconhecimento e busca de informes ao longo da Belém-Brasília, começaram
logo após a morte de Marighela, em 1969, como já dissemos.
A crescente atividade dos terroristas que começaram com o violento atentado no Aeroporto dos
Guararapes, no Recife, levaram à reação natural, progressiva. Afinal de contas, combate é a
nossa especialidade.
Não havia, ainda, no País, órgãos de segurança especializados no combate ao terror.
Aí é que justamente começaram os “anos de chumbo” batizados e iniciados por eles próprios.
Pena que não tenham sido anos de chumbo grosso, como deveria ter sido. O que é que eles
queriam?
A capital pernambucana foi a escolhida para ser o cenário inicial de uma nova forma de luta - o
terrorismo - que, por muitos anos, viria a ensangüentar e a enlutar a sociedade brasileira.
Os recifenses e as autoridades já estavam reunidos no Parque 13 de Maio, ponto central da
cidade, aguardando o início das comemorações pelo transcurso do segundo ano da
Revolução.
Nesse momento, exatamente às 0847h, ocorria violenta explosão no 6º andar do edifício dos
Correios e Telégrafos, onde funcionavam os escritórios regionais do SNI e da Agência
Nacional.
Ao mesmo tempo, uma segunda explosão atingia a residência do Comandante do IV Exército.
Mais tarde, seria encontrada uma terceira bomba, falhada, num vaso de flores da Câmara
Municipal de Recife, onde havia sido realizada uma sessão solene em comemoração à
Revolução Democrática.
Três bombas montadas para, num só momento, atingir personalidades e entidades
representativas do governo brasileiro, além dos inúmeros inocentes participantes. Iniciava-se,
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assim, a guerra suja, ou os “anos de chumbo”, como queiram interpretar.
Entretanto, a bomba falhada no legislativo municipal deveria estar incomodando os terroristas e
estar sendo vista como um parcial fracasso de execução.
Assim é que, em 20 de Maio de 1966, 50 dias após esse ensaio geral, foram lançadas outras
três bombas - dois "coquetéis molotov" e um petardo de dinamite, contra os portões da
Assembléia Legislativa de Pernambuco.
A Nação, estarrecida, vislumbrava tempos difíceis que estavam por vir.
O dia 25 de Julho de 1966 começa com uma nova (terceira) série de três bombas, com as
mesmas características das anteriores, sacudindo Recife. Uma, na sede da União de
Estudantes de Pernambuco, ferindo, com escoriações e queimaduras no rosto e nas mãos, o
senhor José Leite, de 72 anos, vítima inocente que passava pelo local. Outra, nos escritórios
de uma repartição americana, causando, apenas, danos materiais. A terceira bomba,
entretanto, acarretando vítimas fatais, passou a ser o marco balizador do início da luta contra o
terrorismo no Brasil.
Na manhã desse dia de 25 de julho de 1966, o Marechal Costa e Silva, então candidato à
Presidência da República, era esperado por cerca de um grupo avaliado em 500 pessoas que
lotavam o Aeroporto Internacional dos Guararapes e adjacências, jardins, praças e acessos.
Às 0830h, poucos minutos antes da previsão de chegada da comitiva do Marechal, o serviço
de som anunciou que, em virtude de pane no avião, ela estava deslocando-se por via terrestre
de João Pessoa até Recife e iria, diretamente, para o prédio da SUDENE.
Esse comunicado provocou o início da retirada do público.
O guarda-civil Sebastião Tomaz de Aquino, o "Paraíba", outrora popular jogador de futebol do
Santa Cruz, percebeu uma maleta escura abandonada junto à banca de uma livraria, localizada
no saguão do aeroporto. Julgando que alguém a havia esquecido, pegou-a para entregá-la no
balcão do DAC.
Aí, ocorreu uma forte explosão.
O som ampliado pelo recinto fechado, a fumaça, os estragos produzidos e os gemidos dos
feridos provocaram o pânico e a correria do público. Passados os primeiros momentos de
pavor, o ato terrorista mostrou um trágico saldo de 17 vítimas.
Morreram instantaneamente o jornalista e secretário do governo de Pernambuco Edson Regis
de Carvalho, casado e pai de cinco filhos, com um rombo no abdômen, e o vice-almirante
Nelson Gomes Fernandes, com o crânio esfacelado, deixando viúva e dois filhos menores.
O guarda-civil "Paraíba", ferido gravemente no rosto, nas mão e nas pernas, teve uma perna
amputada.
O então Tenente-Coronel do Exército, Sylvio Ferreira da Silva, sofreu fratura exposta do ombro
esquerdo e amputação traumática de quatro dedos da mão esquerda.
Ficaram, ainda, feridos os advogados Haroldo Collares da Cunha Barreto e Antonio Pedro
Morais da Cunha, os funcionários públicos Fernando Ferreira Raposo e Ivancir de Castro, os
estudantes José Oliveira Silvestre, Amaro Duarte Dias e Laerte Lafaiete, a professora Anita
Ferreira de Carvalho, a comerciária Idalina Maia, o guarda-civil José Severino Pessoa Barreto,
o Deputado Federal Luiz de Magalhães Melo e Eunice Gomes de Barros e seu filho, Roberto
Gomes de Barros, de apenas seis anos de idade.
O acaso, transferindo o local de chegada do futuro Presidente, impediu que a tragédia fosse
maior.
O terrorismo indiscriminado, atingindo pessoas inocentes e, até, mulheres e crianças, mostrou
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a frieza e o fanatismo de seus executores. Naquela época, no Recife, apenas uma organização
subversiva, o Partido Comunista Revolucionário (PCR), defendia a luta armada como forma de
tomada do poder. Dois comunistas foram acusados de envolvimento no ato terrorista: Edinaldo
Miranda de Oliveira, militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) e que,
em 1986, era professor de Engenharia Elétrica em Recife, e Ricardo Zaratini Filho, então
militante do PCR e que atualmente exerce a função de assessor parlamentar da liderança do
PDT na Câmara Federal.
Em 18 de maio de 1999, em entrevista ao jornal "O Estado de São Paulo, o Comandante do
Exército, Gen Ex Gleuber Vieira declarou, a respeito da reabertura do caso Riocentro: "Nós
nunca pensamos em pedir reabertura de inquérito envolvendo personalidades da vida nacional
de hoje, indivíduos que no passado estiveram envolvidos em assaltos a bancos, seqüestros,
assassinatos e em atos de terrorismo. Nós não cogitamos pedir a reabertura do inquérito nem
mesmo quando uma dessas personalidades declarou que sabia quem tinha posto uma bomba
no aeroporto do Recife."
Um ano depois do atentado, em 25 Jul 67, foi inaugurada no Aeroporto uma placa de bronze
com os seguintes dizeres:
"HOMENAGEM DA CIDADE DO RECIFE AOS QUE TOMBARAM NESTE AEROPORTO DOS
GUARARAPES, NO DIA 25 DE JULHO DE 1966, VITIMADOS PELA INSENSATEZ DOS
SEUS SEMELHANTES.
- ALMIRANTE NELSON FERNANDES
- JORNALISTA EDSON REGIS
GLORIFICADOS PELO SACRIFÍCIO, SEUS NOMES SERÃO SEMPRE LEMBRADOS
RECORDANDO AOS PÓSTEROS O VIOLENTO E TRÁGICO ATENTADO TERRORISTA,
PRATICADO À SORRELFA PELOS INIMIGOS DA PÁTRIA."
Hoje, os terroristas daquela época, arvorando-se em "heróis" libertários, afirmam que o que
fizeram foi uma reação à "violência" do Governo brasileiro. Intencionalmente, procuram
deturpar a História e levar ao esquecimento as vítimas que causaram em sua sanha fratricida,
dentre elas, as de 1966.
Passaram-se muitos anos.
Mas as bombas do Recife e o atentado de Guararapes jamais serão esquecidos.
E as ações nefastas continuaram. O assassinato do Major Toja Martinez, o massacre do
Tenente Alberto Mendes Júnior, os assassinatos cometidos pelo ex-Capitão Lamarca,
desertor, com o roubo de grande quantidade de armamento pesado e respectiva munição,
assaltos a bancos, seqüestro de embaixadores para a troca por terroristas presos, assassinato
de militares de países amigos e de brasileiros, explosão no QG II Ex, com o estraçalhamento
do Soldado Mário Cozel, mero sentinela da hora, inocente, pois estava a fim de tirar o
certificado de reservista; ida de grande quantidade de terroristas para cursos em Cuba, etc.
Em 1969, começavam a ser detetadas as investidas na área rural, já que o terrorismo estava
sendo derrotado nas cidades.
“Foi como atirar no fantasma de Marighela e acertar no Molipo” – comentário, na época, do Cid,
bravo guerreiro de minha equipe.
Dentre as várias operações contra os terroristas (Molipo-Grupo da Ilha -Grupo Primavera),
antes de descoberta a área da guerrilha do Araguaia, ao longo da rodovia Belém-Brasília,
descrevo as que comandei.
Operação em que tombou o terrorista Jeová Assis Gomes, que reagiu à voz de prisão no
campo de futebol da Rodobras em Guará I (ou Guaraí), lotado, durante uma partida de futebol
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do time local com o de Araguaína (era o flaflu de lá), com prisão de outro terrorista (Boanerges
de Souza Massa). Época provável (não lembro bem): jan/1972 (?).
Um tiroteio num campo de futebol lotado, apenas dois atingidos, o Jeová e um militar (alguns
só arranhados, de raspão e por estilhaços de ricochete).
Nunca poderíamos imaginar que Jeová reagisse, sacando uma arma de fogo num local cheio
de gente; seria mais lógico ele aproveitar a confusão para fugir, como o resto do bando fez.
Sacou a arma, feriu um militar e foi atingido mortalmente.
Eu levei apenas um violento safanão do Jeová, que tinha 1,90 m e uns cem quilos de peso
(achei que podia imobilizá-lo, com a ajuda do JPeter), enquanto outro agente imobilizava o
outro terrorista. Desvencilhando-se com um forte safanão, ao procurar sacar a arma, Jeová foi
atingido por um dos elementos da equipe. O outro não reagiu, foi preso.
Há reportagem com foto da época (publicada dois ou três dias depois do incidente), num
grande jornal (Globo, Correio Braziliense?), aparecendo o corpo de Jeová no chão, em primeiro
plano, com Boanerges acocorado do lado, tentando escutar o que Jeová queria falar.
O Arno Preis foi eliminado na mesma área (ao longo da Belém-Brasília, em Paraíso, uma vila
na época). Conseguiu matar, à traição, dois militares, um morreu na hora; outro, dias depois. A
população ficou revoltada e ajudou na caçada. Acuado num matagal às margens da rodovia,
não se entregou e foi alvejado quando corria. Foram utilizados faróis de caminhões postados
convenientemente na estrada para poder vigiá-lo de modo a evitar a fuga. Foi alvejado de
madrugada, quando corria, na tentativa de fuga.
Outra missão, numa fazenda na PA-70 (que liga Imperatriz a Marabá), quase chegando à
margem do Tocantins em frente à Marabá, para prender dois elementos do Molipo, cujos
nomes não lembro. Quando chegamos lá, o delegado Fleury já tinha cumprido a missão e
levado os dois bandidos para São Paulo, de avião. Nunca compreendi esta missão; perdemos
tempo inexplicavelmente. Por que duas equipes para cumprir uma mesma missão?
Ao todo, foram “dedurados” vinte e três componentes do “grupo da ilha”, ao retornarem de
Cuba, a maioria eliminada (presa ou morta) devido à traição de um deles. Os que não reagiram
foram presos e estão por aí tranqüilamente. Quem terá sido o tal traidor, o informante? Muitos
dos sobreviventes fizeram declarações de arrepiar, principalmente o Jeová, antes de morrer, e
o Boanerges, que na época usava carteira de trabalho como Antonio Martins, enfermeiro (na
realidade era médico), até hoje não apareceu para desmascarar o traidor.
Após o incidente no campo de futebol de Guaraí com o Jeová, conseguimos um guia que sabia
onde estavam os demais do bando e partimos em sua perseguição. Otávio Ângelo, Sérgio
Capozi, Jane Vanini e um outro elemento, escaparam do cerco porque eu não quis colocar em
risco a vida do filho do guia, menor, que estava inocentemente com os bandidos. Como eles
não se entregavam, iria haver tiroteio na certa. Estavam com o Jeová pouco antes de o
encontrarmos no campo de futebol. O bando planejava explodir todos os postos de
combustíveis ao longo da estrada, até Belém, levando o caos à extensa região devido à
interrupção do abastecimento, que iria repercutir em toda a região Norte, até Manaus.
A volumosa documentação da série de ações anti-Molipo não deve ter sido destruída, por não
serem referentes ao Araguaia. Meu relatório de final de missão deve estar lá arquivado, com o
nome do suposto traidor declarado por Jeová. Além disso, os arquivos dos outros ministérios
estão disponíveis, para o caso de se desejar realmente saber o nome do traidor. Os serviços
de informações eram integrados, principalmente o do Ministério das Relações Exteriores, onde
está a chave do problema.
O Boanerges apenas auxiliava o Jeová nas declarações, pois ele falava com muita dificuldade.
Coisas importantes acontecem, ou deixam de acontecer, até hoje em função desse assunto...
Qual será o motivo por que os arquivos das Forças Armadas não são abertos, sem restrições
nem pré-exame dos asseclas da quadrilha, pelo menos aos historiadores, como informação ou
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reconstituição histórica? E, o mais importante, por que os arquivos do Ministério das Relações
Exteriores não são nem cogitados?
Colocaram a culpa no Cabo Anselmo, mas ele não tinha cacife, nível de conhecimento e de
influência suficientes para dedurar com tanta precisão os embarques de volta... e outros
detalhes importantes que muitos sabem, da mesma forma que o Jeová sabia ou desconfiava.
Houve o caso de um deles que foi notável; o sujeito, ao saber que ia voltar para o Brasil,
escreveu uma minúscula “cola” com todos os endereços dos contatos e a enrolou junto com o
filme de sua máquina fotográfica. Ao ser preso em Salvador, o Delegado foi diretamente na
máquina, desenrolou o filme e retirou a cola. Nem ao menos despistou, foi direto, sem querer
saber de mais nada. Esse indivíduo foi preso, cumpriu pena e contou o ocorrido para todos os
companheiros. Inúmeros outros casos flagrantes, semelhantes, aconteceram depois. Na
verdade, sem sofismas, um traidor de alto gabarito dedurou os próprios companheiros. Como?
Muito fácil. Um diplomata, ou similar, comunicava, por intermédio do serviço de informações do
Ministério das Relações Exteriores, todos os lances a partir de Cuba. Um Coronel do CIE/Rio (
que ainda está vivo), era o oficial de ligação com o Itamaraty. Logicamente, o Oficial de
Ligação do CIE/Rio tinha um Major de auxiliar e substituto eventual (que, igualmente, ainda
está vivo). O Coronel está muito doente e não deve durar muito.
O caso do Cabo Anselmo é muito semelhante ao de Manoel Jover Teles...
Depois do lamentável e violento incidente em que prendemos o Jeová e o Boanerges, no
campo de futebol em Guaraí, fomos até a pensão onde eles (no total de 6) estavam
hospedados e revistamos as bagagens. Munição de revólver e bombas de fabricação caseira,
empregando latas vazias de óleo Singer, cheias de pólvora negra, enroladas com arame de
aço (para estilhaçar) e cordão de pólvora (estopim).
Jeová, ferido gravemente e o Boanerges ileso, uma vez que não ofereceu resistência, foram
transportados para a farmácia e medicados, ficando o Jeová deitado num lençol estendido no
chão. O nosso elemento ferido foi mandado, na segunda viatura, para o Quartel da PM em
Araguaína (tiro no tórax).
O Jeová parecia morto. Deixamos dois soldados PM de guarda e iniciamos a perseguição aos
demais elementos do bando, tendo um guia local que nos conduziria à fazenda onde sabia que
eles estavam. Ao chegarmos próximo, após uma longa caminhada na mata, no planejamento
da ação de ataque, o guia informou que o filho, rapaz de 18 anos, estava com eles. Decidi
aliviar a missão, pois eles iriam usar, na certa, o garoto como escudo, como era normal no
procedimento deles e eu estava com vários elementos novos na equipe, que poderiam não ter
a calma suficiente. Fizemos o cerco, com ordem expressa de não atirar, a não ser com risco de
vida, defesa própria. Só intimidar. Se fraquejassem, apenas os antigos da equipe poderiam
agir. Como eu já previa, eles fugiram, levando o rapaz de refém, como escudo, com uma arma
na cabeça, sem chance para nós. Deixaram os “trouxas” para trás...
Frustração grande nossa; deixamos de prendê-los, lamentavelmente. Eram quatro, embora a
ordem do CIE se referisse a apenas três, além de Jeová e Boanerges: Otávio Ângelo, Jane
Vanini , Sérgio Capozi (o quarto elemento, não foi identificado, talvez Rui Berbert).
Retornamos a Guaraí à tardinha, quando o Jeová, para minha surpresa, pois achávamos que
estava morto, pediu para falar com o chefe da equipe. O Boanerges ainda estava muito
nervoso, mas auxiliou e falou, mais interpretando do que falando o que o Jeová balbuciava com
dificuldade. O Jeová morreu em seguida, à noite, e o passamos juntamente com sua longa
ficha criminal, ao prefeito, que mandou sepultá-lo no cemitério local. O Jeová falou sobre terem
sido dedurados, revelando o nome do traidor. Escutamos pacientemente e tudo foi anotado.
Não dei grande valor ao que ele disse, mas depois de analisarmos todos os fatos, nos
impressionaram a exatidão e o conteúdo das ordens que recebemos em Brasília: eram de uma
precisão fantástica. Eles iriam se reunir em Guaraí entre tais dias, nomes de todos eles, fotos,
27
fichas, etc. Trabalho digno de Scotland Yard... Fizemos um relatório pormenorizado da
operação ao CIE/ADF, na volta. Em seguida, de Guaraí prosseguimos para Araguaína,
preocupados com a saúde do elemento de nossa equipe ferido. Como sempre, o nosso
procedimento era, como eu dizia “feito cantiga de grilo”, só parávamos após cumprida a
missão. Muitos queriam comer alguma coisa, mas “comiam mesmo era poeira”...
Em Araguaína, entregamos o preso ao Cmt do Btl da PM e passamos a relatar resumidamente
as operações ao Capitão Chefe da 2ª Seção, Informações, após visita ao nosso elemento
ferido, fora de perigo, na Enfermaria. Nos hospedamos numa pensão e iniciamos incursões de
reconhecimento pela cidade. O resto do bando poderia estar por lá. No dia seguinte, na hora
do almoço, o Cap S2 PM nos procurou, informando que tinha um casal suspeito num
determinado hotel. Montamos uma paquera e suspeitei que a moça era a Jane Vanini, pois as
características coincidiam com a foto: bonita, cabelos pretos, longos e lisos, olhos escuros,
altura, etc; o marido tinha viajado para Marabá. Com a participação do gerente do hotel e na
presença do Cap PM, revistamos o quarto da moça, enquanto ela se explicava ao gerente na
portaria do hotel (estavam devendo várias semanas ao hotel). Encontramos no quarto uma foto
de guerrilheiros cubanos (pela placa do carro que aparecia), armados de fuzis e revólveres,
posando de revolucionários. Mandamos vir a moça, que ficou revoltada com a invasão e
explicou que era uma foto recebida de uma amiga. Aceitamos o que ela disse e a levamos à
presença do marido em Marabá, mas antes passamos numa serraria onde ela informou que ele
trabalhava na administração. Revistei a mala dele, tendo encontrado uma intimação judicial por
abandono da família (mulher e filha). Guardei-a no bornal e prosseguimos para Marabá. A
moça chorou o tempo todo da viagem, umas três horas. Em Marabá, convidei o marido dela,
que localizamos facilmente num bar, para nos acompanhar e fomos para a delegacia policial.
Depois de interrogá-lo, concluí que o casal nada tinha com os bandidos. Mostrei, então, a
intimação judicial e eles abriram em choro convulsivo. Estavam desesperados. Pensaram que
iriam ser presos e recambiados para SP à presença do Juiz. Deixei-os a sós por meia-hora e
liberei-os. Era pista fria, gelada.
Cerca de um ano depois, voltei a encontrar esse casal em Xambioá, num barco que ia para a
Fazenda Santa Isabel, subindo o rio Araguaia. Os moradores denunciaram que estava cheio de
armas, com muitos “paulistas”. Nada de suspeito foi encontrado e eles foram liberados.
Muito trabalho desenvolvido no período, numa extensão enorme do nosso território.
As missões ao longo da Belém-Brasília eram para descobrir indícios da “grande área” de treinamento d
demos de cara com o “grupo da ilha”, livrando a área de muitos atentados. Este fato nos atrasou dema
das áreas que tínhamos planejado: Tocantinópolis/Porto Franco, Xambioá e Marabá. Mas, como estam
providencial. O Molipo foi neutralizado nas cidades e no campo e o grande herói foi o “dedo-duro”...
28
Capítulo 2 - DESCOBERTA DA GRANDE ÁREA
“Nós somos da Pátria a guarda. Fiéis soldados, por ela amados.
Nas cores de nossa farda, rebrilha a glória, fulge a vitória”
Pedro Albuquerque Neto (“Jesuíno”), preso pela Polícia Federal em Fortaleza, CE, por
vagabundagem (sem documentos), declarou ter fugido de um campo de treinamento de
guerrilha localizado no sudeste do Pará. A verdade, declarou ele, é que sua mulher, Tereza
Cristina (Ana), engravidou e eles receberam ordem para fazer o aborto. Inconformada, ela
resolveu desertar e os dois realizaram a fuga juntos. Tereza subornou um morador com
algumas jóias e conseguiram sair da selva, indo para Fortaleza, onde foram presos pela
Polícia. Prestaram declaração e foram recolhidos ao xadrez. Arrependido de ter falado e
principalmente por saber que seria justiçado pelos companheiros (como declarou
posteriormente), tentou o suicídio, cortando os pulsos com uma lâmina de barbear. Foi salvo
pela sentinela e levado para o hospital da Guarnição do Exército.
Por sorte, o depoimento do Pedro Albuquerque foi remetido diretamente ao CIE/ADF, Brasília,
senão teria sido engavetado no Rio de Janeiro (trâmites legais), onde o assunto guerrilha rural
era motivo de chacota. Caiu nas mãos do General Bandeira. Foi providenciado o transporte
imediato do preso para Brasília, onde foi novamente interrogado, quando acrescentou outros
dados (detalhes sobre o local, efetivo, armamento, nomes dos componentes e outros).
Perguntado qual o efetivo em pessoal lá existente, revelou que eram muitos, da ordem de
trinta, num só destacamento.
Sobre a localização da área, informou que indo de Xambioá, subindo o rio Araguaia até a
picada de Pará da Lama, indo até o último morador, o campo de treinamento ficava além, a
menos de seis horas de caminhada por uma picada.
Foi montada a operação de busca de informações, chefiada pelo Coronel Sérgio Carlos Torres,
Chefe da Seção de Operações do CIE/ADF e eu no comando da equipe de busca, efetivo de
dez homens da Brigada de Infantaria. Fomos de C-47 da FAB até Araguaína e de caminhão da
Rodobras até Xambioá. Nessa viagem, desde Brasília, o Coronel Raul Augusto Borges, Chefe
da 2ª Seção/8ª RM, nos acompanhou, tendo permanecido alguns dias em Xambioá.
A grande área presumida foi bloqueada por tropa da 8ª RM nos principais pontos da Trans-
Amazônica (Marabá) e Belém-Brasília, Araguaína e Imperatriz.
A partir de Xambioá, subindo o rio Araguaia até Pará da Lama, antes da primeira corredeira,
um dia inteiro de marcha firme pela trilha no sentido do Xingu. Partimos ainda escuro, dia 11 de
abril de 1972. Já noite, chegamos até a casa do último morador, Sr. Antônio Pereira. Fomos
bem recebidos pela humilde família, comemos frango com arroz, conversamos um pouco e
fomos pouco a pouco saindo para armar a rede e dormir.
Na madrugada seguinte foi iniciada a marcha até os “paulistas”, indo o filho mais novo do
Antonio Pereira como guia, fato que não pude evitar devido à insistência do Antonio Pereira.
Cerca do meio-dia, são avistados dois homens sem camisa sentados em tocos, no pátio de
uma grande palhoça, e uma velha, conversando, descansando para o almoço.
Os cachorros da casa começaram a latir e iniciamos a corrida para onde eles estavam.
Conseguiram fugir para a mata, pois havia sido preparado um obstáculo entre a picada e as
casas: eles aproveitaram um leito de rio seco, cheio de troncos que tornaram pontiagudos, a
guisa de abatises, retardando a nossa aproximação. Quando chegamos na casa, os
comunistas tinham fugido, deixando o almoço no fogo, quase pronto, uma panela de frango,
outra de arroz e muita farofa. Dividida pelos do nosso grupo, não deu para matar a fome, mas
foi muito bom.
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Foi encontrada uma grande quantidade de documentos e manuais de treinamento militar, livros
de doutrinação comunista, grande quantidade de uniformes, mochilas de lona reforçadas e
costuradas com linha grossa, máquina de costura grande, industrial, armamento e munição,
oficina de rádio bem aparelhada, com os instrumentos básicos para transmissão e recepção
(geradores de sinais na freqüência de HF e VHF, medidores, etc.), ferro de soldar, grande
quantidade de instrumentos cirúrgicos de alta qualidade (tudo inox), grande estoque de
remédios os mais diversos, grande quantidade de bússolas portáteis ainda nas caixas, facões
e facas, grande estoque de sacas de arroz em casca, sacas de feijão, sacas de milho
debulhado, grandes plantações de macaxeira, jerimum, melancia, maracujá, melão, laranjas,
limão, criação de galinha em cercados rústicos de paus, porcos e animais silvestres
aprisionados em chiqueiros, etc. Procuramos a casa do gerador de energia e não encontramos.
Estava, assim, a 12/04/1972, descoberta a “grande área” de treinamento de guerrilha citada por
Marighela.
Estávamos satisfeitos; afinal, após um grande esforço, tínhamos cumprido com pleno êxito a
missão recebida. O meu único desgosto foi que conseguiram fugir nas nossas barbas. Sem
dúvida alguma, os pegaríamos depois.
Destruímos tudo depois de separar amostras de documentos e algumas provas numa mala.
Ateamos fogo nas casas e galpões e destruímos o estoque de frutas num belo tiroteio.
Aguardamos o fogo baixar e fomos para a picada. Aí, demos por falta da tal mala com as
provas. Tinha sido queimada. Não fizemos prisioneiros e nem conseguimos as provas que
denunciassem a presença de guerrilheiros na área.
A esse respeito, o Cid declarou:
“Estávamos eufóricos. Comprovamos a existência da famosa Grande Área anunciada por
Marighela, que estaria sendo preparada desde 1962. A adrenalina e a euforia nos impediam de
pegarmos no sono. Todos nós estávamos conscientes de que o que tínhamos descoberto era
algo muito grande e muito organizado. Mas, a grande caçada mesmo, só começaria meses
depois”.
A equipe retornou a Xambioá, tendo sido o relatório transmitido para o CIE/ADF por fonia via
São Paulo pela estação de rádio de uma serraria em São Geraldo.
No dia seguinte bem cedo, tomei café e fui para a margem do rio onde fiquei admirando a
paisagem. O Araguaia é o rio mais bonito da região, talvez só suplantado pelo Tapajós.
O cabo Marra, da PM do Pará em São Geraldo, em frente a Xambioá, lado do Pará, vindo de
canoa em companhia de um morador, Zé Caboco, apresentou-se a mim informando que o
morador se prontificava a nos levar até a casa de Dina, que era sua vizinha. Alguns moradores
locais, curiosos, se aproximaram e um deles, piloto de avião monomotor, Pedro Careca,
informou que poderia levar nos levar até o castanhal da Viúva, cujo capataz, Sr. Victor, nos
indicaria o caminho.
Fui falar ao Coronel Torres na pensão e ele me recomendou não ir sozinho. Fui ao
“alojamento” (um quarto grande da pensão com várias camas) e não encontrei o Cid e, como
não havia tempo a perder, escalei o João Pedro. Quando íamos saindo para a pista de pouso,
aparece o Cid, que fica inconformado. Então, combinei com o Pedro Careca levar os 4 sem
bagagem (o avião cabia 3 mais a bagagem num compartimento incômodo atrás do banco
traseiro).
Quando chegamos lá, dia 17/04/1972, equipe de 4 homens mais o Zé Caboco, o grupo de Dina
já estava preparando a fuga, reunidos numa das casas, avisados que foram pelos três
elementos que fugiram anteriormente à nossa aproximação. Estávamos com muito pouca
munição, apenas as das armas e alguns poucos cartuchos nos bolsos. Eles eram cerca de
dezoito pessoas do grupamento C, o mais ao sul da área, sendo 4 mulheres, conforme
informação do morador da casa onde paramos. Contada a munição disponível, decidi: “Eles
30
são 18, menos 4 mulheres, acho que dá para enfrentá-los”. O morador retrucou: “Doutor, as
mulheres são piores que os homens”. E contou alguns episódios que assistiu, em que as
mulheres fustigavam os homens, chamando-os de frouxos e outras coisas mais. Fiquei no
dilema, mas logo decidi voltar para pegar reforço. Apagamos os nossos vestígios e voltamos.
Em Xambioá, pegamos o helicóptero de uma mineradora e voltamos no dia seguinte para a
área, com bastante munição. Éramos ao todo 6 homens, carga máxima do helicóptero.
O piloto não queria baixar. Aproveitando uma tentativa que fez, baixando até o limite que
considerou seguro, joguei um cunhete de munição e saltei atrás, capinando com o facão os
arbustos que ele dissera que estavam atrapalhando o pouso.
O cabo Marra e três soldados da PM se juntaram à nossa equipe; tinham marchado a noite
toda até lá.
Os fugitivos estavam muito carregados, demonstrado pelas pegadas profundas na lama.
Iniciamos a perseguição através da mata, seguindo-lhes facilmente por cima das pegadas. Não
havia dúvida, iríamos pegá-los logo mais. Devia ser meio-dia, mata fechada, continuávamos
nos adiantando e chegávamos a ver os “olheiros” de longe, fugindo para informar aos demais
do grupo que estávamos nos aproximando. Foi quando sentimos a aproximação de alguém
vindo por uma trilha que estávamos ultrapassando. Um indivíduo de mochila às costas, chapéu
de vaqueiro, revólver 38 e facão na cintura, marchando pela trilha. Estávamos escondidos no
mato e ele ia passando quase marchando. “Pega esse cara aí!”, gritei. O nosso elemento mais
próximo, o Cid, correu e o pegou, passando-lhe a algema de plástico. O cara declarou chamarse
Geraldo e que era morador antigo da região. Foi detido como suspeito, desarmado e
deixado algemado com o cabo Marra e soldados PM enquanto reiniciávamos a perseguição.
Pressentindo o avanço firme da nossa equipe, os fugitivos desviaram a rota e esconderam
quase toda a pesada carga que transportavam, passando a progredir mais rápido, bons
conhecedores que eram da área. Encontramos facilmente esta carga escondida e a destruímos
à facão, quando escutamos três tiros de fuzil vindos de onde tínhamos deixado o Cabo Marra
com o Geraldo. O Zé Caboco me disse: “Agora ficou difícil pegá-los. Eles estão indo para a
Gameleira”. Como já estivesse escurecendo e chovendo torrencialmente, dificultando a
perseguição, mascarando as pegadas, resolvi voltar. Iríamos encontrá-los mais adiante, mais
uma vez, vaticinei com muita contrariedade. Era o segundo “fracasso”, tendo que deixá-los
escapar nas nossas barbas... Além disso, era muita falta de sorte, prender um suspeito em
plena selva e logo em seguida soldados inexperientes matá-lo, pensei; eu estava realmente
preocupado, pois aquele suspeito poderia informar muita coisa.
O Geraldo, mesmo algemado e com uma pesada mochila nas costas, tinha disparado em desabalada
tentando fugir, quando foram dados três tiros de advertência. Foi novamente preso e ficou amarrado n
chegada, estava visivelmente apavorado. Procuramos abrigo num mocambo de palha e o Geraldo tent
fluentemente que era morador da área e tinha tentado fugir porque estava assustado com tanta gente
Nada tendo sido achado de anormal em sua mochila, já estava para ser liberado. Resolvi, porém, conv
Geraldo, fazer pessoalmente uma nova vistoria na mochila. Alguma coisa não estava muito clara na hi
era muito loquaz, repetindo com sofreguidão os mesmos argumentos, demonstrando ansiedade acima
treinado o álibi, naturalmente e, naquela situação, não era capaz de disfarçar. Foi a conta. Achei um tu
pastilhas de remédio, contendo linhas finas de pesca e anzóis diminutos, típico material de sobrevivên
alguns detalhes ao Geraldo, notei que ele estava pálido e assustado. Retirado todo o material de pesc
no fundo um papel pautado de caderneta. Era a mensagem do B para o C, em linguajar militar. Mensa
lápis, de Osvaldão, comandante do grupamento B da Gameleira para o Antônio da Dina, comandante
“C - Aqui tudo bem. Exército atuando na área com efetivo de 1 Cia - B”
Geraldo, perante tamanha evidência, desmoronou, não teve alternativa e começou a falar, responder à
lhe eram feitas, ansioso para demonstrar que agora estava falando a verdade. Os elementos de minha
31
realmente indignados. Muitas de suas informações batiam com as dadas por Pedro Albuquerque, que
fora preso. No verso de um papel de um pacote de cigarro, o Cid anotava tudo com um toco de lápis s
de onde. O João Pedro do lado, tentando segurar a verborragia do Geraldo, agora declarado José Gen
Ceará e membro do grupamento B da Gameleira, cujo comandante era o Osvaldão, cujo chefão era M
que se reportava a João Amazonas, e lá vai tudo o mais... Levantei-me e fui beber um pouco dágua no
Realmente, eu estava muito satisfeito. O preso era, sem sombra de dúvida, pelo conhecimento da orga
guerrilha e conhecimento dos nomes dos chefões, elemento importante. Era “gente fina”, enquanto Pe
era “pica-fumo”.
Cada vez mais aumentavam as nossas surpresas. Era, no entanto, apenas a extremidade sul da “gran
No dia seguinte bem cedo, como combinado, o pequeno helicóptero de uma mineradora, vindo para o
desembarcamos, entreguei o “Geraldo” ao Major Othon Cobra no helicóptero, que retornou a Xambioá
posteriormente, foi levado para Brasília, onde foi interrogado. Tratava-se de conhecido militante do PC
antigo, baderneiro estudantil.
Conclusão: José Genoíno Neto foi o primeiro preso na mata, no dia 18/04/1972. A partir daí, todos os a
contrários foram varridos: eles estavam lá há muito tempo.
Graças aos militares, Genoíno foi recolocado no bom caminho, após cumprir um curto período de prisã
facultado pautar por uma vida honesta. Infelizmente, não aproveitou tal oportunidade.
Triste notícia veio depois. Dois bandidos perseguiram e assassinaram a facão o filho do Antonio Pereir
ter nos acompanhado poucas horas na mata. Trucidaram o pobre rapaz, decepando sucessivamente o
na frente da família indefesa, até o golpe final. Destruíram uma família honesta, simples moradores afa
no interior da mata. Tiveram que se mudar para Xambioá e a família foi se deteriorando, acabando, mo
desgosto. Nunca foi dada pelos bandidos uma nota de arrependimento, um pedido de desculpas à fam
Pereira. Pelo contrário, encobrem o assassinato frio e perverso. Hoje distorcem a verdade dos fatos, s
Agora, na expectativa de uns trocados, os moradores, eles próprios, distorcem os fatos a gosto dos inq
Pedro Albuquerque (Jesuíno) e José Genoíno (Geraldo), dizem hoje que foram torturados.
Primeiro, Pedro Albuquerque já tinha dado o “mapa da mina”, não havia motivo para torturá-lo. Confes
suicídio por medo do justiçamento, pois conhecia bem os companheiros. Ponderei ao Gen Bandeira in
havia necessidade de levá-lo na minha, mas o general deu a ordem: Leva o cara. Fez um passeio pela
três dias, completamente solto, livre, cumprimentado por alguns moradores, não tentou fugir. Nem mes
noite, quando dormimos nos abrigos do sítio do Antonio Pereira. Nem mesmo guarda foi estabelecida,
acreditávamos no perigo do “inimigo”.
Quanto a Geraldo, talvez a “tortura” a que ele se refere tenha sido a companhia de gente carrancuda e
remota área desolada da Amazônia, como ele mesmo alegou para o fato de ter tentado a fuga. Princip
lida a rudimentar mensagem que portava, que qualquer escoteiro teria decorado. Não havia motivo, po
torturá-lo. Falou apavorado, sem levar sequer um safanão. E está vivo até hoje, e muito vivo como esta
Quanto à mentira que dizem que nós já chegávamos atirando, quando encontramos os três, dois home
esclarecido como sendo a Oneide e supostamente com o marido, o Alfredo, e o outro não identificado)
acertá-los facilmente com tiros de FAL, mas nem passou pela nossa cabeça tal procedimento, pois ne
certeza de serem comprovadamente os “paulistas” que procurávamos. Mesmo que tivéssemos certeza
bandidos, teríamos que pegá-los vivos para interrogatório, a não ser que reagissem de arma na mão.
Esta é a verdadeira história da descoberta da “grande área de treinamento de guerrilha” de Marighela”
Albuquerque, uma equipe do CIE/ADF destruiu, em 12/04/1972, um ponto de apoio do grupamento C,
Antonio da Dina (Antonio Carlos Monteiro Teixeira) e, no prosseguimento, em 18/04/1972, prendeu na
guerrilheiro “Geraldo” (José Genoíno Neto), que descreveu toda a organização, o efetivo em pessoal e
terreno de toda a guerrilha, objetivos e tudo o mais.
Diz o Coronel Madruga: “Embora alguns atribuam a descoberta a uma possível indiscrição de Lúcia Re
Martins, guerrilheira que abandonou a área por estar doente, isto não é verdade. Na realidade o conhe
deveu-se ao fato da detenção em fevereiro de 1972, pelo Departamento de Polícia Federal, de um cas
bastante comprometido com a agitação no Movimento Estudantil, que se encontrava desaparecido e q
a Fortaleza. Tratava-se de Pedro Albuquerque Neto e Tereza Cristina (“Ana”)”. Daí em diante, foi um s
inexoráveis.
32
CROQUIS DA ÁREA
1973
Estreito
Belém-Brasília
Rio Tocantins
Rio Tocantins
Marabá
Araguatins
Rio Araguaia
Rio Itacaiunas
Rio Sororó
PA-70
Transamazônica
Araguanã
Xambioá
Paradalama Sítio do
Antonio Pereira
Cigana
Grupamento C
Rio Gameleira
Grupamento B
Santa
Isabel
São
Geraldo
NM N
16°
Ponte
*
São
Domingos
#
Metade
Rio
Fortaleza
balsa
balsa
Brejo
Grande
Grupamento A
Pau Preto #
#
#
#
# Caçador São
José
1
2
3
Op
Op
Op
Marabá-Xambioá = 120 km
Rumo = 151° V Decl.Mag (1970) = 16°W
(em linha reta)
Serra das Andorinhas
Quartel
*
Porto
Franco
Tocantinópolis
Para Belém
Araguaína
Guaraí
Rio Cipoal
-7°
-6°
-5°
50°W 49°W 48°W
Escala aprox. 1cm :14 km
Rio Sororosinho
Rio Xambioá
Vemos no croquis as estradas Op1, Op2 e OP3: estavam em construção inicial das picadas; eram con
estradas do General Bandeira”.
Ele, naturalmente como bom estrategista, previa a possibilidade do endurecimento das ações, caso a C
planejado com a cúpula do PC do B, fornecendo, além de muito dinheiro, o armamento necessário. Aí,
Brasileiro teria levado, na certa, todo o seu poderio para neutralizar os pupilos do dragão. Hydra e Dra
chumbo grosso, claro.
33
O croquis merece algumas considerações de ordem prática. Para efeitos de navegação, observe que a
grupamentos A e B tinha os limites: ao norte, a Transamazônica; a leste o rio Araguaia; a sul, o rio Gam
o rio Sororó e afluentes.
A área do grupamento C, ao sul da Serra das Andorinhas, tinha o limite sul balizado pela trilha de Para
Não havia, portanto, perigo de algum militar se perder na mata. Bastava pôr em prática as normas de s
marchar tranqüilamente até encontrar um dos limites, caso não encontrasse alguma trilha que, segura
algum sítio. O único perigo (para uns e sorte para outros) seria um encontro com o inimigo.
A distância Marabá-Xambioá, em linha reta, é de 120 km, o que fornece a escala aproximada pela eve
do desenho no manuseio de ampliação ou redução.
Depois de Marabá, o rio Tocantins inflete para norte, alimentando o grande lago de Tucuruí, continuan
desaguando no Guamá. A Transamazônica acompanha o Tocantins até próximo a Tucuruí e depois in
noroeste até Altamira, na margem esquerda do rio Xingu.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
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